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Três práticas simples e inovadoras para aplicar na sala de aula

Quando pensamos em inovação pedagógica, nossa mente geralmente faz uma atribuição para algo distante da realidade cotidiana que nos atravessa. Imaginamos que se não levarmos um óculos VR, fazer uma baita rotação por estações ou levar os estudantes para um grande momento tecnológico, não estamos inovando em sala de aula. A verdade é que para criarmos mudanças consistentes e eficientes temos que nos atentar para um fator muito simples e potente: a inovação não pode estar associada daquilo que já fazemos muito bem!
Toda a perspectiva trazida pelas metodologias ativas podem ser até disruptivas, e podem proporcionar momentos potentes para nossas aulas. Por isso, precisamos internalizar que toda essa premissa parte do mesmo ponto: colocar os alunos no centro do processo. Eu sei… Quantos autores você leu, palestras que você assistiu ou até mesmo eventos que você foi em busca de inspiração não te disseram isso? Essa premissa deve ser considerada como um ponto de partida para toda nossa prática. Quando estamos falando sobre trazer os alunos para a centralidade do processo, precisamos destacar qual será a experiência de aprendizagem que nossos estudantes terão.
Estamos sempre adaptando, analisando e transpondo não só os conteúdos mas, também, práticas que funcionem ou não para nossas turmas. Inovar não é somente pegar uma prática em uma “prateleira” de possibilidades e aplicar sem considerar o perfil dos nossos alunos, aquilo que já dominamos e o ambiente que nós estamos. A ideia aqui é trazer algumas possibilidades que vão dinamizar práticas que já fazemos com os estudantes e que incitem interações conosco, com os colegas e com as habilidades desenvolvidas.
Portanto, hoje venho compartilhar com vocês 3 práticas simples e inovadoras que podem movimentar a sua sala de aula sem um distanciamento do que já fazemos em nosso cotidiano docente:

1. Exercícios do livro com timers

Em alguns casos, pedimos aos estudantes para fazer alguns exercícios dos livros didáticos em sala de aula. Chegamos e escrevemos no quadro: “Exercícios de 1 ao 6, página 23”. Enquanto os estudantes vão fazendo as atividades, atuamos em mediação da sala ou verificamos os cadernos. Depois, separamos uma aula somente para a correção desses exercícios e perguntamos frequentemente: “E aí, alguma dúvida?”. E se nós mudássemos um pouquinho essa perspectiva?

Fragmente os exercícios, escolha aqueles mais importantes e/ou complexos e peça para que eles façam em dupla para estimular a interação entre os colegas. Em seguida, coloque na tela da sala através do Youtube um timer com 5 minutos e peça aos estudantes para fazerem apenas 2 exercícios neste tempo. Quando acabar o tempo, separe 10 minutos para a correção deles, estimulando que os estudantes compartilhem suas respostas e trabalhe com eles os comandos da taxonomia de bloom já presente no material. Vou deixar aqui um link de timer que gosto muito de usar: 💣Timer BOMB 5 minutes. Cuenta REGRESIVA de 5 minutos con Música Épica. Cuenta Atrás 💥 … No fim, em apenas uma aula, você oportunizou interações e dinamizou o tempo criando momentos intercalados (5/10) de forma que o estudante não fique parado ou tenha muitas brechas para dispersão. Além disso, os timers criam um ambiente que os desafiam e motivam na interação com o conteúdo.

2. Método parceiro de leitura!

Quando temos algum documento, texto ou algo a ser investigado, o método “parceiro de leitura” pode ser um grande aliado. Vamos lá! Escolha o texto ou coloque no quadro as páginas que os estudantes vão precisar ler para aquela aula. Peça a eles que formem uma dupla e separem no caderno dois quadros divididos nos seguintes modos, veja abaixo:

Em seguida, separe um tempo médio para a leitura dos textos e outro tempo para a discussão da dupla sobre o que entenderam do texto. Por fim, você pode colocar um tempo para discutir e mediar com eles a compreensão do texto e pedir a eles para escreverem uma síntese de tudo o que foi compreendido sobre o texto durante a atividade. Importante estimular a escrita criativa e impedir que eles copiem trechos do livro sem a devida compreensão e/ou reflexão sobre o tema.

3. Quiz “cascata” com o chat GPT

Se você quiser ousar em suas aulas e garantir um momento divertido, essa prática é ideal. Além da diversão, é uma excelente atividade para medir o nível da sala em relação à habilidade desenvolvida. Peça o chat GPT para criar para você 3 questões fáceis de múltipla escolha sobre o tema trabalhado, mas indique a ele que não demonstre a resposta até que você digite na caixa de texto. Compartilhe a tela para a turma e separe grupos de 4 a 5 pessoas.
Faça um sorteio na sala ou escolha um grupo para cada pergunta e peça a eles que levantam alguma plaquinha ou folha com as opções. Se eles aceitarem, você pode premiá-los com um chocolate, alguma pontuação ou algo que sua criatividade permitir. Se todos os grupos acertaram as questões fáceis, peça ao chat para te dar mais questões de nível médio e, em seguida, difíceis. E se sua turma te matar de orgulho e tiver um bom percentual de acertos, você pode colocar o último nível trabalhando com eles questões do nível ENEM!

E aí? Gostaram das dicas e possibilidades? Nós conseguimos fazer coisas incríveis sem precisar alterar nossa dinâmica cotidiana ou incluir práticas que estão muito distantes da nossa realidade. Inovar em sala de aula requer passos pequenos e seguros para que as atividades não gerem o efeito contrário. O importante é sermos consistentes e progressivos em nossas práticas considerando que nossos alunos estarão no centro desse processo.
Eu sou o professor Paulo Ricardo do Sagradinha, e agradeço muito sua leitura! Paz e bem!

Por Paulo Ricardo Silva Rodrigues
Professor da Educação Básica nas disciplinas de História, Projeto de Vida e Socioemocional. Licenciado em História e Mestre em Educação (PUC- MG). Líder do grupo de Educadores Google em BH e Consultor Pedagógico no quesito: práticas inovadoras e educação para o século XXI.

 

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